quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Evolução no Tratamento do Câncer de Mama



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Nos últimos 50 anos, assistimos a uma revolução na melhoria do tratamento para o câncer de mama. Observamos uma melhor compreensão de seus fatores de risco e o desenvolvimento de melhores recomendações para sua prevenção. A mamografia se consolidou como ferramenta eficaz para o rastreamento do diagnóstico mais precoce. A cirurgia e a radioterapia tornaram-se menos agressivas e mais precisas. Além disso, os avanços no conhecimento molecular sobre sua origem e progressão permitiram o surgimento de novas estratégias terapêuticas para seu combate. Todo esse progresso impulsionou a redução na sua mortalidade e morbidade ao aumentar as chances de cura.

Entre 1960 e 1980, aprendemos que a presença de mutações BRCA1 e BRCA2 estavam relacionadas ao aumento do risco de desenvolver o câncer de mama nos familiares. A partir de então, tornou-se mais precisa a recomendação para a mastectomia ou a ooforectomia profiláticas, as quais reduzem o risco de câncer de mama em cerca de 90% e 50%, respectivamente. Além da opção cirúrgica, dispusemos, em 1998, do medicamento tamoxifeno, o qual reduz a incidência de câncer de mama em 50% naquelas mulheres com alto risco.

De outro modo, algumas pacientes com câncer de mama apresentavam o retorno do câncer após a mastectomia, sugerindo a presença de doença clinicamente oculta e das micrometástases, que necessitam ser combatidas com terapia chamada "adjuvante". Nesse contexto, a partir do uso padrão do esquema quimioterápico combinado de ciclofosfamida, metotrexato e 5-fluorouracil (1976), evoluímos com o esquema de quimioterapia baseado em antraciclinas (2005) e da classe dos taxanos (2012). Além desses, a descoberta do receptor do fator de crescimento epidérmico humano 2 (HER2) como alvo molecular terapêutico e de seu agente terapêutico (trastuzumab) resultou em importante aumento na sobrevida. Essa evolução terapêutica também pode ser utilizada antes da cirurgia, como "neoadjuvancia", o que possibilita tornar operável aquele tumor antes considerado não operável.


O aprendizado que o câncer de mama não é uma doença única, mas um grupo de subtipos moleculares geneticamente distintos permitiu avançarmos na era da personalização do tratamento baseado em marcadores moleculares. Todo esse progresso é muito bem vindo, uma vez que permite individualizar o tratamento, tornando-o mais preciso, mais eficaz, menos tóxico e com maior potencial para cura. Ainda, mais importante, que todo esse conhecimento seja disponível para toda a população.



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