domingo, 25 de agosto de 2019

Escritora, atriz e roteirista Fernanda Young morre aos 49 anos

Colunista do GLOBO teve crise de asma, seguida de parada cardíaca

RIO — Escritora, atriz, roteirista, apresentadora de TV e colunista de O GLOBO, Fernanda Young morreu, aos 49 anos, às 3h deste domingo, no hospital de Gonçalves (MG), onde a família tem sítio. A atriz foi vitimada por uma crise de asma seguida de parada respiratória.

Fernanda, que sofria de asma desde a adolescência, começou a sentir falta de ar no fim da tarde de sábado, conforme relato de Rosário Gondim, amiga da escritora, que mora na cidade mineira.

— Não estava com ela, mas soube que, à noite, o quadro piorou e Fernanda tomou um remédio que fez com que o quadro melhorasse num primeiro momento — contou Rosário. 

— Horas depois, no entanto, Fernanda passou mal novamente, vomitou e acabou aspirando o vômito, o que foi fatal.

O caseiro do sítio teria tentado reanimá-la com massagem cardíaca e a levado ao hospital local, onde a escritora faleceu. O velório está sendo realizado na tarde deste domingo, no cemitério Congonhas, em São Paulo. O sepultamento está previsto para 16h15 no local.



Fonte: O Globo 



























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Cinco técnicas de relaxamento ao seu alcance contra o estresse e a ansiedade

O coração bate mais rápido, a pressão sanguínea aumenta, você percebe que a respiração se acelera e é menos profunda, você não sente o aumento no fluxo de certos hormônios, mas, sim, a tensão e o suor na pele. É o estresse, você precisa relaxar. Segundo o estudo 360 Wellbeing Survey 2019: Well and Beyond, da companhia de seguros de saúde para empresas Cigna, você provavelmente pratica esportes para mantê-lo sob controle, como 42% dos espanhóis. Talvez recorra a conversas com familiares ou amigos (34%), cultive um hobby fora do trabalho (24%), durma mais (21%) ou tente passar mais tempo com amigos (20%). Mas, se precisar de algo mais imediato, a empresa propõe cinco técnicas de relaxamento que podem ser empregadas a qualquer momento.

1. Respiração diafragmática

Quando estamos estressados, o corpo precisa de mais oxigênio e a respiração se acelera. Mas isso não é suficiente, a oxigenação do organismo requer o aumento do volume de ar que respiramos. Para conseguir isso, a recomendação é fazer entre 5 e 10 inspirações e expirações abdominais, de modo lento e profundo, a partir do diafragma. Respire pelo nariz e expulse o ar pela boca, e concentre-se em esvaziar completamente os pulmões antes de inspirar novamente. Não subestime os benefícios da boa respiração.

2. Relaxamento muscular progressivo

De acordo com o Ministério da Saúde, Consumo e Bem-Estar Social da Espanha, "o relaxamento é uma técnica para redução da ativação fisiológica que se mostrou eficaz para o tratamento dos transtornos de ansiedade e outras desordens emocionais", e pode ser alcançado por meio de técnicas como esta. "Consiste em aprender a reduzir a tensão muscular realizando exercícios de tensão, pouco intensos e breves, e de relaxamento, mais longos. Temos de nos concentrar nas sensações produzidas por esses dois passos para adquirir as habilidades necessárias que nos permitirão identificar a tensão e eliminá-la." O processo é dividido em três fases.

A primeira tem como foco contrair e relaxar os músculos da cabeça aos pés — que são um seguro de vida. Começa-se pelo rosto, seguindo-se o pescoço e os ombros, que devem ser tensionados e distendidos três vezes, nesta ordem: testa, olhos, nariz, boca, língua, mandíbula, lábios, nuca, pescoço e ombros. Depois, contraem-se os braços e as mãos, alternativamente; as pernas são alongadas (também de modo alternado), levantando-as e percebendo a tensão muscular; em, seguida, as costas, colocando os braços em cruz e levando os cotovelos para trás; o tórax, inspirando e retendo o ar por alguns segundos; e o abdômen e a cintura, tensionando e distendendo os músculos do estômago e dos glúteos.


A segunda fase consiste em repassar mentalmente cada uma das partes do corpo trabalhadas, para sentir como relaxaram. A terceira pode ser a mais complicada em um momento de estresse: trata-se de fazer aflorar pensamentos relaxantes.

3. Visualização positiva

É uma variação da meditação tradicional, e é preciso pôr a imaginação em marcha, talvez ativando as recordações de cenas prazerosas como as das férias. Alimentar a imaginação tem recompensa. A ideia é direcionar a concentração para imagens positivas e agradáveis, pensando em situações que gostaríamos de viver ou lembrando momentos felizes do passado. É aconselhável recorrer aos sentidos para tentar imaginar o cheiro, o tato e os sons da cena.

4. Rir e sorrir

Segundo a Cigna, essas duas atitudes contribuem para a liberação de dopamina, endorfinas e serotonina. A ideia é que essas biomoléculas relaxem o corpo, reduzam o ritmo cardíaco e diminuam a tensão arterial. Em especial, as endorfinas contribuem para acalmar a dor e a serotonina atua como antidepressivo. Não está claro que isso resolverá o problema, mas vale a pena tentar.

5. Yoga e pilates

Apesar de a primeira ter se tornado um esporte, se praticarmos essas disciplinas com seriedade, ambas podem nos ajudar a alcançar um estado de relaxamento que nos permita controlar o estresse e a ansiedade.


Fontes: MSN Notícias 





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Esta técnica inusitada promete ajudar a parar de roer unhas

Hora da confissão: minhas mãos são terríveis. Apesar de ter deixado meus 20 anos quase sem hábitos ruins, parar de roer unhas nunca foi uma conquista. Além de ficar o tempo todo com os dedos enfiados na boca, o que não é nada atraente, a mania não traz qualquer benefício.

Anos e anos de roídas deixaram as minhas unhas tão frágeis que elas se despedaçam como camadas de massa folhada. E quando seu dentista consegue dizer que você é uma roedora de unhas simplesmente olhando para os seus caninos, você sabe que a situação está feia.

Não é como se eu nunca tivesse tentado. Cheguei a experimentar o esmalte com sabor horrível, pintei-as com o vermelho mais chamativo que existe, até mesmo as enrolei em curativos para me impedir de chegar até elas. Mas, além do gosto amargo na boca, nenhuma providência funcionou para transformar meus tocos em garras.

Então, quando li que hipnoterapia poderia ajudar, eu fui toda ouvidos. Nos últimos anos, ela ganhou inúmeros pesquisadores sobre o tema e se transformou numa opção viável para ansiedade e desordens relacionadas ao estresse.

Estudos sugerem que a hipnoterapia pode auxiliar no tratamento de insônia, dor crônica e até mesmo problemas digestivos. Uma pesquisa publicada no internacional The Lancet Gastroenterology & Hepatology descobriu que três meses de hipnoterapia bastaram para acalmar os sintomas de pacientes com síndrome do intestino irritável por até nove meses após o tratamento.

Como foi a hipnoterapia para parar de roer unhas
Eu meio que esperava um relógio de bolso em movimento de vai e vem e uma voz avisando que eu ficaria com muito, muito sono. Mas a hipnoterapia é, na verdade, uma forma de terapia falada, e eu fiz muito disso na minha primeira sessão com a hipnoterapista Malminder Gill.

Entendi meus gatilhos (que vão desde um dia estressante até assistir a uma maratona da Netflix com as mãos desocupadas) para entrar na minha saúde mental e emocional. Eu sou uma perfeccionista de carteirinha, com histórico de ansiedade e ataques de pânico, e Malminder sugere que meu hábito poderia ser uma manifestação física da minha ansiedade – um mecanismo possivelmente ativado por um momento de medo na minha infância. Foi uma associação que eu nunca havia feito antes, mas teve sentido.

A hipnoterapia na prática

Depois é a hora da verdadeira hipnose. Eu sou cética por natureza, então realmente não imaginava que funcionaria, mas, de qualquer forma, estava determinada a fazer acontecer.
Deitei em uma cama, e Malminder começou a falar em uma voz calminha. Ela me fez visualizar meus padrões como roedora de unhas, seguido de um novo padrão para substituir o antigo. Enquanto ela enchia minha mente com essas sugestões positivas, descrevendo minhas unhas crescidas e lisinhas, eu me rendi às suas palavras – queria que desse certo.

Após a consulta, tive como tarefa de casa uma meditação diária, visualização e exercícios de respiração. A teoria diz que melhorando minha atenção, assim como reduzindo os sintomas de ansiedade, eu poderia diminuir meus gatilhos.

Cerca de 45 minutos depois, percebi que meu mindinho esquerdo estava descansando na minha boca enquanto eu aguardava pelo metrô. Esse início diminuiu minhas expectativas, mas persisti com a minha rotina matinal de meditação.

Então, foi assim que me saí na missão de parar de roer unhas

Ninguém ficou mais surpreso do que eu quando, três semanas depois, pontinhas apareceram nas minhas unhas. Eu certamente não me senti nada diferente e não percebi nenhuma alteração nos meus níveis de ansiedade, mas a meditação em áudio de Malminder é um lembrete diário do meu objetivo. Sinto-me muito mais atenta às minhas unhas, então, quando as encontro entre meus dentes, me forço a parar.

Se esse aumento de atenção foi devido à hipnose ou ao fato de eu ter ido buscar ajuda 
(“são ambas as coisas”, diz Malminder) não importa para mim. Eu só sei que funcionou. Três meses depois, minhas unhas estão compridas e saudáveis – tanto que precisam ser cortadas com frequência. E, num casamento recente, um estranho comentou que minhas mãos eram muito elegantes (elegantes!). Ao que tudo indica, estou arrasando!




Fontes: MSN Notícias 



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sábado, 24 de agosto de 2019

“Ser discípulo de Jesus não é só rezar e celebrar, mas é também compromisso com a vida”. Entrevista com Dom André de Witte

Dom André de Witte, bispo de Ruy Barbosa-BA, e Presidente da CPT. (Foto: Luis Miguel Modino)


A diocese de Ruy Barbosa, no interior do estado da Bahia, está de festa, um acontecimento que vai ser comemorado no próximo domingo, 25 de agosto com uma romaria vocacional, no povoado de Alagoas, município de Itaberaba, o lugar onde morou Maria Milza, que nessa região tem fama de santa. O motivo desse evento está nos 60 anos da criação da diocese e os 25 anos de ordenação episcopal de Dom André de Witte, que lá desenvolveu todo o seu ministério como bispo.

Quase no final do seu ministério como bispo titular, no dia 31 de dezembro completa 75 anos, a idade canônica para apresentar a renúncia, Dom André de Witte olha para trás e lembra sua história no Brasil, que começou em 1976, quando desceu em Recife do barco que o trouxe da Bélgica, sua terra natal. De lá foi para a diocese de Alagoinhas, também na Bahia, onde trabalhou como missionário por 18 anos.

om André se mostra, sempre se mostrou, como um homem de Igreja, preocupado com muito mais do que sua paróquia ou sua diocese, como alguém que sempre gostou de trabalhar junto com os outros colegas, padres ou bispos, e ao lado do povo, esse povo baiano de quem ele mesmo destaca “a acolhida, o calor humano”. Sempre esteve ligado à terra, ele é filho de agricultores, estudou agronomia na sua juventude, acompanhou a pastoral rural e atualmente é presidente nacional da Comissão Pastoral da Terra – CPT, desde onde não duvida em apoiar as lutas do povo do campo, em um país que tem apostado pelo agronegócio em detrimento da agricultura familiar.

Do bispo de Ruy Barbosa podemos dizer que está totalmente alinhado com o Papa Francisco, “uma força grande para essas atitudes que as vezes não são bem vistas, da ação social transformadora”, alguém que demostra que “ele vai na frente, propondo, incentivando, tentando realmente sacudir para ninguém ficar parado”. Por isso, não duvida em afirmar que sua presença, “para mim é importantíssima na minha vida pessoal e na vida da nossa Igreja”.

A entrevista é de Luis Miguel Modino.
Eis a entrevista.

Depois de 25 anos de bispo, 60 anos de diocese, e com quase 75 anos, que é a idade que um bispo apresenta sua renúncia ao ministério pastoral, como contempla a vida nesse momento?


Eu sempre pensei que a vida de um bispo emérito é uma coisa que eu gostaria que Deus me concedesse ainda algum tempo para vivê-la. Quando eu vejo o exemplo de Dom Silvério, que foi bispo de Feira de Santana, depois de emérito, bem acolhido por seu sucessor, Dom Itamar, fazendo ainda coisas significativas, de ajudar onde era possível, porém sem a última responsabilidade, o homem rejuvenesceu. Então eu penso que isso seria também algo agradável, e se Deus permitir, útil. Eu pretendo continuar em Ruy Barbosa, começaram inclusive a construir a casa dos eméritos, porque havia a ideia de construir uma pequena casa, em um lugar onde ainda pudesse prestar um pequeno serviço.

Dom André de Witte, bispo de Ruy Barbosa-BA, e Presidente da CPT. (Foto: Luis Miguel Modino)



Mas fiquei emocionado quando os padres e as irmãs pensaram que a ideia não era tão boa, pois o bispo, que nunca morou sozinho, não deveria morar agora sozinho. Então, na área do centro de treinamento de lideranças, começaram a construir uma casa, que seria para os eméritos, inclusive padres, que daqui para frente podem chegar. Na diocese espero não atrapalhar, e sim prestar algum serviço. Penso que livre daquela última responsabilidade deve ser bem agradável.

O senhor chegou no Brasil em 1976, como tem lhe marcado o Brasil, a Bahia, o Nordeste, a Igreja do Brasil, na sua vida pessoal, sacerdotal e episcopal?

Nesses dias comecei escrever algumas coisas, e comecei por esta parte das raízes, de quem foi esse padre que se tornou o bispo de Ruy Barbosa. Eu vim como padre fidei donum, que pelas surpresas de Deus, o que era para ser um país de fala castelhana, foi mudado para o Brasil. Chegando na Bahia, a primeira coisa que impressiona, não só no primeiro dia, mas no geral, é a acolhida, o calor humano. É a primeira graça, maravilha, que a gente agradece, esta acolhida. No Nordeste, aportou no Recife, mas logo fui para Bahia e lá permaneci. Em sinto assim, como muito importante na minha vida, quatro pontos. Um é que trabalhei, lá na Diocese de Alagoinhas, 18 anos com um colega padre. Isso para mim é uma coisa significativa, a gente tem muitos colaboradores, mas um colega padre é outra coisa. Para mim foi ótimo um padre que tomava mais iniciativa, para mim foi bom ter alguém que abriu as portas, tomava a iniciativa, trabalhar em equipe, conversar.

O segundo ponto, acho que o trabalho pastoral de uma paróquia, rede de comunidades, foi muito, e ele é muito importante. Eu chamo acompanhar a vida do nascimento até a morte, até a alegria de estar ao serviço, os privilégios que nós temos dos sacramentos, ter celebrado todos os sacramentos, inclusive o sacramento da ordem para um jovem que se tornou padre, religioso no caso. Além disso, ter uma coisa específica, que para nós dois, que estudamos agronomia e sendo filhos de agricultores, já viemos para trabalhar em um continente onde é a metade do povo está no campo. Na diocese a gente fazia parte da equipe da Pastoral Rural, que na prática era um movimento da ACR, Animação dos Cristãos no Meio Rural. Este setor, poderia ser juventude, poderia ser catequese, mas algo específico que leva a contatos com colegas de outras áreas. Ocupa tempo, mas não é tempo perdido, mas abre a visão sobre a conjuntura, sobre a maneira de viver e de servir.

Um quarto ponto, eu tenho certeza que é a CNBB, nunca passou pela minha cabeça que eu pudesse fazer parte, mas isso são surpresas de Deus. Mas chamou muito a minha atenção, a maneira como a CNBB apresentava a missão da Igreja. A gente não precisava enfrentar, tinha e tem uma proposta. Naquelas diretrizes gerais, naquele tempo chamava da ação pastoral, depois começou a ser da ação evangelizadora, o objetivo chamou a minha atenção, e até hoje. Eu gostava muito da formula daquele tempo, que pelas circunstâncias agora muda um pouquinho, mas o princípio é o mesmo.

Eu chamo caminhar com as duas pernas, uma para evangelizar, formar o Povo de Deus, aí vinha algum adjetivo de ardor missionário, etc. Mas na verdade, é o aspecto da identidade do Povo de Deus, de todo o trabalho interno da Igreja, da catequese, da Bíblia, da liturgia. A segunda perna e para participar da construção de uma sociedade justa e solidária, a serviço da vida, rumo ao Reino definitivo. É isso que eu gosto, isso me tocou, e que por sinal eu gosto de insistir muito, que a nossa missão tem que ser equilibrada. Esta preocupação, o que nós hoje chamamos Comissão Episcopal da Ação Social Transformadora, isto teve um tempo que estava mais presente, como as CEBs, as pastorais sociais. Hoje é aquele boom da espiritualidade, do espiritualismo.
Dom André de Witte, bispo de Ruy Barbosa-BA, e Presidente da CPT. (Foto: Luis Miguel Modino)


O equilíbrio é que não falte nenhuma coisa. Eu digo assim, me tocou aqui já na diocese, nossa segunda semana social, que no Brasil eu acho que era a quarta, quando a turma assumiu como prioridade ligar sempre fé e vida. Aí eu sempre disse, isso significa para mim bispo, mas para todos, lembrar a quem está nas pastorais sociais, a nossa motivação última não é filantropia, mas é evangélica, é Jesus que vem para que todos tenham vida. Mas é também dizer a quem está em nossas celebrações, círculos bíblicos, que ser discípulo de Jesus não é só rezar e celebrar, mas é também esse compromisso com a vida. São pontos que me marcaram e continuam me marcando.

Aliás, como bispo, um segundo ponto, além de uma diocese, fazer parte de algo específico. No regional a gente é bispo referencial de alguma pastoral, quando era o mais novo da turma, então acompanhei a Juventude. Quando era bispo responsável pela juventude, eu costumava dizer, eu não sou responsável pela juventude, não quero ser irresponsável também, mas eu represento os irmãos bispos, que nem todos nunca podemos estarem juntos, mas um representa os irmãos, porque todos devemos apoiar. Depois e até agora eu estou com a CPT (Comissão Pastoral da Terra) no regional até nacional, e acompanhei o serviço nacional dos migrantes, a nível do Brasil, o IRPA, a CESE(Coordenadoria Ecumênica de Serviço). Então, esta participação também abre os olhos para uma responsabilidade maior do que só para a diocese, e enriquece a visão e a prática da gente. Se a gente pensar mais, tem muitas mais coisas para agradecer a Deus.

A relação com o campo e com o povo do campo sempre marcou sua vida. De fato, o senhor sendo jovem, ainda na Bélgica, estudou agronomia. Como o senhor tem relatado, acompanhou as pastorais relacionadas com o campo, e em 2015 foi eleito vice-presidente da Comissão Pastoral da Terra - CPT, e depois foi eleito presidente. O que isso tem representado na sua vida sacerdotal, episcopal? O que a gente aprende com os pequenos camponeses, especialmente no Nordeste, onde o sofrimento do povo do campo é grande, e muitas vezes vivem nesta esperança de uma colheita que nem sempre chega?
Primeiro dizer que graças a Deus, a gente está nisto por opção, por livre e espontânea vontade. Ser bispo referencial para uma coisa, as vezes é porque não tem, e muitas vezes na área social acontece, que sobra para alguém, porque ninguém queria muito. Estar aí para mim é uma opção e uma graça. Agora em preparação do Sínodo, me tocou, não sei quem foi que colocou, mas o que sempre fazia parte do nosso trabalho com os labradores o ver, julgar, agir. Agora, houve uma colocação ou observação, que na preparação do Sínodo, o ver era mais o escutar. E como isso é positivo, porque o ver, pode ser o ver de um assessor, um acompanhante que já sabe as coisas e interpreta. Escutar significa realmente ouvir o que o próprio povo indígena, no caso, está vivendo, lá na Amazônia. Então, essa graça, a gente viveu, acompanhando, estar realmente junto do povo, na sua realidade prática.

Acho que até comparado com a realidade dos países da Europa, onde o bem estar é praticamente de todo mundo, aqui era realmente assim, até mais fácil para acompanhar o povo, que justamente vive na prática necessidades vitais. Perceber esta realidade é ser solidário com isso, trazer a Boa Nova de Jesus para esta realidade, isto é o que realmente é o positivo, vamos dizer, desse serviço que me foi dado, que me é dado, porque continua. Tem uma evolução de 30 anos atrás, ou mais, na nossa região daqui da Bahia, era um pequeno posseiro que foi expulso pelos grandes. Hoje é mais o pequeno, às vezes que já teve a sua terra, foi para a periferia, lá está em situação pior, volta, e ocupa a terra, luta pela terra que já perdeu.

Nestas circunstâncias concretas, a gente percebeu, por exemplo, o desafio para membros da Igreja, a inspiração do Evangelho, a violência. Será que a gente vai reagir à defesa de uma maneira violenta, ou como é que fica? A gente sentiu no povo aquele respeito para a vida, os próprios bichos, os inocentes. Realmente uma vivência a partir de uma visão, de uma prática, de muito respeito. A casa comum, que veio agora com o Papa Francisco, mas já era uma atitude de cuidar que a gente encontrava.

O senhor fala sobre o Sínodo para a Amazônia, como a Comissão Pastoral da Terra tem se envolvido nesse sínodo, e o que o Sínodo representa para uma pastoral, que vê como na região amazônica os conflitos em torno do campo, inclusive as perseguições e os assassinatos das lideranças está se tornando uma coisa cada vez mais comum?



A CPT, por estar presente na base, praticamente em todas as regiões, ela tem também a sua presença na Amazônia. Significa que agentes da CPT, ativos lá, estão também envolvidos na REPAM, estão acompanhando de perto esta realidade. Eu fiquei tocado, não sei de quem foi entrevista, não sei se foi de dom Erwin, mas ao menos foi colocado assim, que a Igreja do Brasil, como um todo, demorou de ter um envolvimento, assumir como uma coisa de interesse de todos, da Igreja como um todo. Foi até aquela colocação de que quem fez uma propaganda maior, um incentivo maior, foi aquele general quando falou que a Igreja estava se metendo onde não é chamada. Nós temos esta realidade, de ter gente, mesmo da CPT na Amazônia, acompanhando. A Amazônia, quando a gente vê, é uma coisa bem própria da preocupação da CPT, e uma das obras importantes eu acho aquele caderno que sai todo ano sobre a violência no campo, então a gente vê como a Amazônia está presente em isto.

Para mim é, vamos dizer, uma mão lava a outra, a CPT com a sua preocupação com a vida e a vida das pessoas no lugar onde eles se encontram, e justamente encontrando esta realidade amazônica, a CPT, por isso, já está presente. Agora vem sendo enriquecido com todo o trabalho que a partir do Sínodo e de sua preparação está acontecendo. Uma atenção maior, um trabalho mais metodológico de ir para escutar, como a gente acabou de dizer, e a preocupação em ver propostas concretas. É claro que o Sínodo tem dois aspectos, o aspecto da Casa Comum, da ecologia integral, e o aspecto da Igreja na Amazônia. Eu vejo que pelo aspecto da CPT este paralelismo, este aspecto da ecologia integral, esse trabalho, não tenho agora o tema exato que vai ser do congresso da CPT no próximo ano, que deve acontecer em Marabá. Mas onde tem este aspecto para a sensibilidade dos povos originários, de uma sociedade do bem viver, e não diminuir o valor para o aspecto somente econômico, capitalista, financeiro. Eu vejo nesse sentido, que uma coisa vai junto com a outra, e uma mão lava a outra.

Neste ano a diocese de Ruy Barbosa está completando 60 anos e o senhor tem acompanhado essa caminhada ao longo de 25. Como definiria a caminhada da diocese e desde seu ponto de vista, quais seriam as perspectivas de futuro?

Olha, eu acho que o ponto de partida são os 60 anos, não são os 25 do bispo que estão na frente. Meu antecessor, Dom Matias, faleceu repentinamente em 92, a diocese ficou até dois anos sem bispo, mas graças a Deus então tinha o administrador e tinha uma equipe da coordenação, um padre, uma irmã, um leigo. Então a caminhada continuou, não houve parada, e dois anos depois eu fui nomeado e a caminhada continua, não houve uma ruptura, porque agora vem um bispo que vai definir. A gente foi conhecendo uma caminhada e, claro, somando forças, continuando junto, e contribuindo naquilo que a gente percebe e onde dá para contribuir positivamente.

Esta caminhada, para mim é, com todas as fraquezas de uma diocese pobre neste nordeste, mas eclesialmente é o que eu falei, é uma proposta da Igreja do Brasil, de caminhar com duas pernas. Na diocese de Alagoinhas, onde eu cheguei, e na diocese de Ruy Barbosa, onde 18 anos depois também cheguei, a gente vê o esforço para que seja exatamente isso. Aqui as prioridades que ano após ano apareceram, eram terra, água e cidadania, ou seja, as necessidades reais, o chão do povo do campo desta diocese aqui no sertão, terra e água, e a cidadania, a preocupação de caminhar com os próprios pés, que a Igreja não é só, vamos dizer, a hierarquia da Igreja, mas é o povo de Deus, onde todos somos corresponsáveis. Nós queremos dizer uma Igreja de comunidades com pastorais, serviços e movimentos, mas uma Igreja de comunidades.

Quando o documento da CNBB trata da comunidade, nova paróquia, comunidade de comunidades, para nós não era novidade, é a caminhada que nós tentamos seguir já o tempo todo. Nesse sentido, os acentos e a sensibilidade, não é mais, diria, tão forte quanto era 20 anos atrás. A gente também faz parte do mundo e da Igreja, onde a gente vê, inclusive pelos canais televisivos da Igreja, onde o aspecto espiritualista recebe mais e mais incentivo, e o outro fica mais e mais para trás. Mas nós continuamos, até nos esforçando para aquilo que já falei do equilíbrio, a gente acha as duas coisas importantes. Eu inclusive, pessoalmente gosto dizer, até para facilitar, a gente não é excludente, Jesus vem para todos, sem dúvida, mas é muito que Ele começa do lado dos pequenos, que Ele mesmo viveu na realidade dos pequenos, dos pobres daquele tempo e sempre começou deste lado, só assim consegue chegar a todos. Na sociedade, os pequenos, é que sobram.

Nós estamos nesta caminhada, em termos eclesiais, com os agentes de pastoral liberados, os padres, começamos o nosso seminário, já ordenei oito, se Deus quiser vou ordenar mais dois até o final do ano, jovens padres da região, que vem tomando o lugar de missionários que vieram da Europa, de Reggio Emília, mas o número em se não aumentou muito. Vieram, eu insisti bastante neste caso, que não é o padre procurado só para os sacramentos, mas a formação e toda esta vida. Então, também a presença, como no tempo das igrejas irmãs de Santa Catarina com Bahia, uma equipe pastoral, que pode ser uma equipe de religiosas, mas tem ainda paróquias sem irmãs. A opção, com todo respeito com os irmãos que optaram pelo diaconato permanente, mas que o lado do clero, a gente quer ser uma Igreja toda ministerial, não clerical apenas, porque isso já soa pejorativo. Preferimos, vamos dizer, centenas de ministros leigos a dezenas de diáconos permanentes. Isto para uma caminhada das comunidades, no chão onde estamos pisando, defendendo a vida. Ai entra o tema do sínodo, as pessoas e a casa comum.
Dom André de Witte, bispo de Ruy Barbosa-BA, e Presidente da CPT. (Foto: Luis Miguel Modino)


Eu digo com toda gratidão que a gente conseguiu, penso, continuar a caminhada que eu encontrei, avançando, não é que fizemos coisas extraordinárias, mas com este equilíbrio, e espero que isso vai continuar. Eu ficaria triste em saber que não, que houvesse um retrocesso neste ponto, mas com fé em Deus, com os que aqui estamos vamos continuar.

Pelo que o senhor fala, a gente vê que na caminhada diocesana em Ruy Barbosa, aparecem muitas das ideias ressaltadas pelo Papa Francisco. O que ele está representando na vida da Igreja e da humanidade e o que tem representado em sua vida como bispo?

Graças a Deus pelo Papa Francisco, porque se a gente recebe este servo de Deus do jeito que ele é, acho que realmente ele nos traz a mensagem de Jesus não somente transmitindo a partir de sua fé e de sua vivência, das suas palavras, mas ainda nas atitudes, que nos mostram as atitudes que Jesus, dois mil anos atrás, viveu. Para nós é uma graça, que significa que o nosso ideal, a nossa vocação, para mim vocação é Deus que chama e somos nós que fazemos o discernimento, assumimos a resposta e tentamos ser fiel àquela proposta de seguir, como discípulos missionários, a Jesus que é o Caminho, isso como Igreja comunidade.

Nós somos do colégio do sucessor dos apóstolos, a gente veio para ser colaborador destes homens, mas o que a gente vê é que o Papa, sucessor de Pedro, está não somente dando respaldo, uma força grande para essas atitudes que as vezes não são bem vistas, da ação social transformadora, que é tachado de comunistas e sei lá o que. O Papa não somente dá um respaldo, mas ele vai na frente, propondo, incentivando, tentando realmente sacudir para ninguém ficar parado. Ele vai na frente nesse sentido, mas ele está também no meio, ele continua com todo seu jeito, de assumir de verdade, e ele, de alguma forma, tem também aquela atitude misericordiosa de querer que ninguém fique para trás.

Agora, chama a atenção que, para os pequenos, como Jesus, ele é o homem misericordioso, mas para os colegas bispos, para os padres, ele tem as palavras bem fortes, as vezes duras, chamando a atenção daquilo que não deve acontecer, o clericalismo, o carreirismo, etecetera. Mas graças a Deus, nós vamos o próximo ano, se Deus quiser, ter a vista ad limina, para mim vai ser uma grande alegria poder encontrar também o Papa. Mas a presença dele, para mim, é importantíssima na minha vida pessoal e na vida da nossa Igreja.



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Romaria Vocacional da Diocese de Ruy Barbosa acontece neste domingo (25), confira a programação


Como já foi anunciado aqui no Deixa Comigo Macajuba, neste domingo, 25 de agosto de 2019, acontecerá a Romaria Vocacional da Diocese de Ruy Barbosa, que será realizada no povoado de Alagoas no município de Itaberaba.

Quem reservou as vagas, os carros locados pela Paroquia de Macajuba, começa a circular as 6:00 horas da manhã, não se atrase.

Confira a programação:







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Ta chegando a hora Todos os caminhos te levam a Fazenda Bom fim de PP Patrick Produções na noite deste sábado (24)



Na noite deste sábado,24 de agosto de 2019, terá mais um grande evento na Fazenda Bomfim de PP Patrick Produções, que é sucesso em tudo que faz.

Veja o cartaz da festa:







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