terça-feira, 2 de maio de 2017

Dislexia: Transtorno ou Dificuldade de Aprendizagem?



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Por: Vanize Sampaio Guedes Carneiro
Atualmente, pais, psicólogos, educadores, neuropsicólogos, neurologistas, psicopedagogos, fonoaudiólogos e, principalmente, os educandos, convivem e deparam-se, de forma cada vez mais frequente, com fenômenos que podem vir a comprometer o futuro escolar dos alunos, se não diagnosticados e tratados brevemente, são as dificuldades de aprendizagem e os transtornos específicos de aprendizagem.
Almeida e colaboradores (1995), além de outros estudiosos, defendem uma diferenciação conceitual desses dois termos. Para as autoras a conceituação do termo dificuldades de aprendizagem tem origem nas interações entre os fatores relacionados às características do indivíduo, ao núcleo familiar, à escola e ao meio social e que são “decorrentes de uma constelação de fatores internos e/ou externos, de ordem pessoal, familiar, emocional, pedagógica e social que só adquirem sentido quando referidos à história das relações e interações do sujeito com seu meio, inclusive, e sobretudo, o escolar” (Almeida & colaboradores, 1995; p.122), já os Transtornos Específicos de Aprendizagem relacionam-se às disfunções do desenvolvimento neurocognitivo envolvidas no ato de aprender (Butterworth & Kovas, 2013); vê-se dessa forma que estes e outros teóricos destacam diferenciações percebendo um como mais extrínseco ao indivíduo e decorrente de falhas pedagógicas e/ou fatores socioculturais e o outro como mais intrínseco, porém ambos demandam tratamento especializado para suas manifestações.
Segundo especialistas, os transtornos Específicos de aprendizagem mais comuns são: a Dislexia do Desenvolvimento (DL), a Discalculia do Desenvolvimento (DD) e a Disgrafia do Desenvolvimento, as quais podem ocorrer isoladamente ou combinadas entre si. Quando são satisfeitos os critérios para mais de um Transtorno Específico da Aprendizagem (American Psychiatric Association [APA], 2013), constitui-se um Transtorno Misto de Habilidades Escolares (F81.3; Organização Mundial da Saúde [OMS], 1993), como é o caso da Discalculia do Desenvolvimento combinada com dislexia (DDc).
A Dislexia do desenvolvimento é considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, ou seja, um transtorno neurológico de origem biológica que se manifesta na dificuldade de aprendizagem e problemas na aquisição de habilidades acadêmicas acentuadamente abaixo do nível da idade, caracterizado por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas (Definição adotada pela IDA – International Dyslexia Association, em 2002). Assim, é notadamente perceptível na criança com dislexia, que a capacidade de compreensão da leitura, o reconhecimento das palavras, a leitura oral, e o desempenho de tarefas que necessitam da leitura podem estar todas comprometidas.
Geralmente esse transtorno se manifesta nos primeiros anos escolares, não é atribuído à deficiência intelectual, a transtornos do desenvolvimento, ou a deficiência neurológica ou distúrbios motores com prejuízos específicos na precisão de leitura de palavras, fluência e compreensão na leitura (APA, 2013). Alguns dos principais sinais observáveis em crianças, pré-escolares, que apresentam dislexia são a dispersão, um fraco desenvolvimento da atenção, atrasos do desenvolvimento da fala e da linguagem, dificuldades de aprender rimas e canções, um fraco desenvolvimento da coordenação motora, dificuldades em montar quebra-cabeças e falta de interesse por livros impressos, já em crianças com idade escolar é possível se observar sinais, como, as dificuldades na aquisição e automação da leitura e da escrita, pobreza no conhecimento de rimas (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras), desatenção e dispersão, dificuldades em copiar de livros e da lousa, dificuldades na coordenação motora fina (letras, desenhos, pinturas etc.) e/ou grossa (ginástica, dança etc.), desorganização geral, constantes atrasos na entrega de trabalho escolares e perda de seus pertences, confusão para nomear entre esquerda e direita, dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas, etc. e um vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas.
Um diagnóstico breve, geralmente realizado por múltiplos profissionais, e uma intervenção precoce são importantíssimos para que estas crianças consigam se desenvolver bem cognitivamente e possam adquirir um bom aprendizado, desde os primeiros anos escolares. Segundo Neves & Araújo, 2006, estudos comprovam que crianças com transtornos e dificuldade de aprendizagem possuem bom potencial intelectual apesar de manifestarem problemas em algumas aquisições cognitivas, o que diferencia seus estilos e ritmos de aprendizagem, e que exigem diferentes recursos e estratégias pedagógicas que atendam às suas necessidades específicas. Porém em função destas questões ou condições ligadas às dificuldades de aprender muitas crianças acabam se convencendo que não aprenderão, apesar de seus esforços, e que tenderão ao fracasso escolar. Esta questão, afirma Neves & Araújo, 2006, leva a implicações no seu autoconceito e em todo o arsenal de expectativas de desenvolvimento do “eu” podendo gerar desequilíbrios emocionais que afetam não só processos psicológicos básicos da aprendizagem como a personalidade global da criança. Então, se conheces alguma criança que tem estes sintomas procure ajuda o mais breve possível. Profissionais, como psicólogos, neuropsicólogos, neurologistas e fonoaudiólogos, podem ajudá-lo.



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