sexta-feira, 21 de setembro de 2018

SÍMBOLO DE SUPERAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA, ALEXANDRE BARONI RECEBE O TÍTULO DE CIDADÃO BAIANO



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Cadeirantes, surdos, cegos, autistas, portadores de nanismo e síndrome de down. Uma plateia pra lá de especial lotou o auditório da Assembleia Legislativa da Bahia para prestigiar a cerimônia de outorga do título de cidadão baiano a Alexandre Baroni, nesta quinta-feira, 20.

“As forças da sua superação, da sua luta e do seu trabalho não são apenas uma conquista individual, elas representam todas as pessoas com deficiência que, a despeito das imensas limitações e dificuldades, não desistem nunca”, destacou a deputada estadual Fabíola Mansur, proponente da honraria.

Fabíola lembrou a trajetória de Baroni que, nascido em Ourinhos (SP) há 50 anos, formou-se em engenharia química, mas teve a rota de seu destino alterada por uma lesão medular provocada por acidente automobilístico que o levou a um quadro de tetraplegia quando tinha 24 anos idade.

Desde então passou a dedicar-se a lutar pelos direitos das pessoas com deficiência, primeiro como fundador de uma ONG, depois como presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade) e finalmente como superintendente dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado da Bahia, cargo que ocupa há 10 anos, período em que está radicado em Salvador. Não por acaso, a data escolhida para a homenagem foi a véspera do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado em todo o país no dia 21 de setembro.

“Agradeço à deputada Fabíola Mansur pela oportunidade de me tornar um cidadão baiano de fato e de direito. É muito gostoso ser reconhecido e acolhido pelo povo mais acolhedor do Brasil”, retribuiu o homenageado. Baroni agradeceu a todos os presentes, colegas de trabalho, representantes das entidades representativas das pessoas com deficiência, e, em especial, aos pais Rosaly Carvalho Baroni e Décio Fernandes Baroni.

“Agradeço a Deus, por me fazer compreender que aquilo que aconteceu há 26 anos tinha um propósito, agradeço à vida, porque pra mim o mais importante era eu estar vivo, pois passei muito perto de morrer e isso me faz dar muita importância aos amigos e à família”, declarou. “Mas preciso dar um destaque especial aos meus pais, essas duas figuras que criaram uma família fantástica e que abdicaram de seus planos pessoais pra cuidar de mim. Se eu cheguei aonde eu cheguei é porque eles tiveram a absoluta disposição de estarem comigo esse tempo todo. Somente no período em que estamos em Salvador, foram 3.650 banhos, 7.300 refeições e se eu for multiplicar pelas 24 horas de cada dia de dedicação a conta fica difícil. São eles quem garantem todo dia que eu vou sair da cama depois de acordar, que eu vou tomar banho, que eu vou comer sem que em nenhum momento eu tenha sequer que pedir por favor”, completou, antes de pedir uma salva de palmas aos seus pais, que foram aplaudidos de pé pelos presentes.

Uma apresentação do coral formado por alunos cegos e deficientes visuais do Centro de Apoio Pedagógico (CAP), abrilhantou o evento. Compuseram a mesa Frederico Fernandes, ex-superintendente de direitos humanos da Secretaria de Justiça e responsável pelo convite feito a Baroni há 10 anos para trabalhar na Bahia; os representantes dos conselhos municipal, estadual e nacional das pessoas com deficiência, respectivamente Lívia Borges, Valdenor Oliveira e Anaildes Campos Sena; Meirinha, vereadora de Irecê portadora de nanismo; Sergio Murilo de Brito Souza, da OAB; Odinete Camasceno, da SETRE; Luiza Câmara (ABADEF) e Zenira Rebouças, diretora da SUDEF.

Representando o governador Rui Costa, o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Estado da Bahia, César Lisboa, destacou o aprendizado que a convivência com Alexandre Baroni representou para a sua vida. “Aprendi com Baroni que como seres humanos somos todos pessoas com deficiência, pois jamais alcançaremos a plenitude; aprendi que acessibilidade é um conceito antropológico multidimensional, muito mais amplo que simplesmente criar rampas e pisos táteis: aprendi solidariedade, companheirismo e paciência de quem consegue mobilizar pessoas de toda a Bahia e tem a sensibilidade de ouvir as pessoas em suas demandas e necessidades, de quem enxerga em nossa incompletude nossa maior potencialidade. Parabéns meu conterrâneo, há uma Bahia para sempre na sua alma”, discursou.




Emocionada, a deputada Fabíola Mansur encerrou a sessão com uma saudação ao homenageado. “Aqui estão reunidas muitas forças: a força da presença das pessoas que lutam pelos direitos humanos, da família, dos conselhos , a força de um governo progressista que reconhece a importância de politicas publicas para as pessoas com deficiência, a força da sua superação da luta e do trabalho. Viva Alexandre Baroni, viva a vida, viva a luta das pessoas com deficiência, que é uma luta de todos nós”.






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