Desde meados de junho, quando especialistas alertaram
sobre a formação de uma nuvem de gafanhotos, o fenômeno da natureza assusta e
impressiona. A massa de insetos teve início em uma região entre o Paraguai e
Argentina e agora ameaça o Sul do Brasil.
Segundo o professor
do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ângelo
Pinto, a nuvem é um comportamento de migração, que atinge somente 20 dentre as
7 mil espécies de gafanhotos.
Além dos gafanhotos, outros insetos passam pelo
mesmo processo, como as borboletas-monarcas, que migram dos Estados Unidos para
o México e algumas espécies de libélula, que cruzam do continente americano
para o africano e vice-versa.
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“A migração ocorre sobretudo quando os insetos atingem a fase adulta e criam asas. Mas ainda no estágio imaturo, mesmo sem asas, eles já começam a se locomover”, explica.
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“A migração ocorre sobretudo quando os insetos atingem a fase adulta e criam asas. Mas ainda no estágio imaturo, mesmo sem asas, eles já começam a se locomover”, explica.
O processo envolve
tanto aspectos dos próprios insetos quanto do ambiente em que vivem, que
fornecem uma espécie de gatilho para que eles se desloquem. “Eles saem de um
lugar onde o recurso pode estar começando a ficar escasso ou as condições
ambientais não são ideais e vão sentido à uma outra área que propicie a
continuidade da espécie.”
De acordo com o
biólogo, apesar de a migração ser um processo natural que ocorre todos os anos,
a nuvem de gafanhotos que se aproxima do Brasil está mais densa do que o usual.
Isso pode ser explicado por uma série de fatores.
Em primeiro lugar, a
nuvem é formada pela espécie Schstocerca cancellata, conhecida como
gafanhoto migratório sul-americano, que preferem áreas mais secas e com
temperaturas relativamente elevadas. O fenômeno poderia estar relacionado,
portanto, ao aumento da temperatura e a diminuição da chuva ao longo dos
últimos anos. Além disso, grandes monoculturas e plantações agrícolas são mais
sujeitas ao ataque dessas pragas.
“Nesses locais, além
da abundância de alimentos em um mesmo lugar, há uma menor biodiversidade, e
com isso, você elimina os competidores e os predadores. Isso ocorre em todas as
monoculturas. Há ainda um terceiro fator: não existem barreiras naturais, como
árvores. Forma-se, portanto, um campo aberto, que favorece o deslocamento
dessas nuvens”, explica o professor da UFPR.
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Os insetos são capazes de destruir plantações inteiras em apenas algumas horas. De acordo com projeção do coordenador do Programa Nacional de Gafanhotos do Serviço Nacional de Saúde da Argentina (Senasa), Héctor Medina, a nuvem, de cerca de 1km², deve conter mais de 40 milhões de gafanhotos, que podem devorar em um só dia o consumo alimentar de 2 mil vacas ou 350 mil pessoas.
Os insetos são capazes de destruir plantações inteiras em apenas algumas horas. De acordo com projeção do coordenador do Programa Nacional de Gafanhotos do Serviço Nacional de Saúde da Argentina (Senasa), Héctor Medina, a nuvem, de cerca de 1km², deve conter mais de 40 milhões de gafanhotos, que podem devorar em um só dia o consumo alimentar de 2 mil vacas ou 350 mil pessoas.
No Brasil, o governo
e o setor agrário já se uniram para criar um plano de combate aos insetos, que
pode contar, caso necessário, com uma frota de até 400 aviões para aplicação de
agrotóxicos, liberada pelo Ministério da Saúde. Cerca de 70 aeronaves já estão
posicionadas em locais estratégicos, prontas para o uso.
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Para Pinto, a utilização de defensivos agrícolas e inseticidas é a pior alternativa de combate. “Primeiro porque você vai contaminar o solo. Depois, porque ao atingir a nuvem, esses insetos vão morrer e cair no solo, deixando resíduos, que vão ser lixiviados pelas águas, chegar nos rios e afetar outros animais. Além disso, os organismos que se alimentam deles também serão contaminados por esses inseticidas.”
Para Pinto, a utilização de defensivos agrícolas e inseticidas é a pior alternativa de combate. “Primeiro porque você vai contaminar o solo. Depois, porque ao atingir a nuvem, esses insetos vão morrer e cair no solo, deixando resíduos, que vão ser lixiviados pelas águas, chegar nos rios e afetar outros animais. Além disso, os organismos que se alimentam deles também serão contaminados por esses inseticidas.”
Ele acredita que a
melhor opção neste momento seja o controle biológico dos insetos de forma
mecânica, como por meio de vassouras e lança-chamas. O biólogo ressalta, no
entanto, que as técnicas de controle mais efetivas são as preventivas, com
monitoramento constante e controle das populações antes da fase adulta.
Fonte: Portal r7
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