quarta-feira, 9 de junho de 2021

'Perdi minha neta num tiroteio bárbaro', diz avó de grávida morta durante ação da PM no Rio



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Kathlen Romeu, 24 anos, trabalhava como designer de interiores. Ela foi atingida por uma bala perdida em uma comunidade do Complexo do Lins, Zona Norte, na tarde desta terça (8). Avó disse que a jovem se mudou da região há um mês com medo da violência.
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"A minha rua tá muito perigosa, eu não queria ter perdido minha neta e perdi desse jeito estúpido. Eu perdi minha neta num tiroteio bárbaro".

Estas foram as palavras usadas pela avó da designer de interiores Kathlen Romeu, 24 anos, morta durante ação da Polícia Militar em uma comunidade no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio, na tarde desta terça-feira (8).

Kathlen foi atingida por uma bala perdida durante o confronto entre criminosos e policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), na localidade conhecida como Beco do 14. A jovem estava grávida de quatro meses.
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Minutos antes do início do confronto, Kathlen e a avó estavam na rua. Elas tinham um encontro com a tia da jovem. Emocionada, a avó descreveu como tudo aconteceu.

"A gente estava indo na firma da minha filha e quando nós passamos a rua estava tranquila. Foi tudo muito de repente. A minha neta caiu, começou muito tiro. Quando eu puxei ela caiu, eu me machuquei ainda, me joguei para proteger ela, que está gravida. Eu só vi um furo no braço dela e gritei para eles me ajudarem a trazer. Perdi minha neta e meu bisneto", contou chorando.



Ataque, diz PM 

Em nota, a Polícia Militar informou que os agentes foram atacados a tiros por criminosos na localidade conhecida como “Beco da 14”, dando início ao confronto.

Segundo a PM, Kathlen foi encontrada ferida após a troca de tiros. Ela ainda chegou a ser levada para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu.

Jovem se mudou há um mês

A avó disse que de Kathlen já não morava mais na região onde aconteceu o tiroteio. Ela disse que a neta se mudou com medo da violência.

"Aquela minha rua tá muito perigosa. Eu não queria ter perdido minha neta e perdi desse jeito estúpido. Uma garota que trabalha, que estuda, formada. Só isso que eu tenho a dizer, eu não tenho mais nada. Perdi minha neta num tiroteio bárbaro que a gente não culpa de nada", disse.

Protesto e investigação

Depois da morte da designer, os moradores fizeram um protesto na Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, ligação das zonas Oeste e Norte da cidade.

As pistas foram fechadas nos dois sentidos por cerca de três horas. A liberação aconteceu por volta das 19h.

Familiares e o marido da jovem estiveram na porta do Hospital Salgado Filho no início da noite desta terça. Uma amiga de Kathlen que mora no bairro disse que os problemas de violência na região se repetem.

"Nós como mães já não aguentamos mais ver crianças e jovens morrendo inocentes. Foram duas vidas, uma carregando a outra. Eu já não aguento mais. Aquilo ali virou terra de ninguém", disse.

A polícia fez buscas na região e apreendeu um carregador de fuzil, munições de calibre 9mm e drogas.

A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga a morte de Kathlen. Segundo a polícia, testemunhas serão ouvidas para esclarecer os fatos e identificar de onde partiu o tiro que atingiu a designer de interiores.


Fonte: G1

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