domingo, 13 de julho de 2025

Doc de O Globo humaniza lado mais controverso da Globo



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Documentário O Século do Globo revela o papel do jornal na ditadura, com dramatizações, IA e depoimentos inéditos da família Marinho


Tony Ramos como Roberto Marinho no doc O Século do Globo - Foto: Reprodução


O Grupo Globo disponibilizou nesta semana o doc O Século do Globo, criado por Pedro Bial, que celebra os 100 anos do jornal O Globo, entrelaçando sua trajetória com momentos importantes da história do país. Dividido em quatro episódios, o projeto é bem produzido e habilmente estruturado. Destaque para Tony Ramos como o jornalista Roberto Marinho (1904–2003).

Sua atuação é tão convincente que, em certos momentos, chega a causar estranhamento. O telespectador pode se confundir, achando estar diante do próprio biografado.

Diante dos relatos, reflexões e revelações apresentadas, assistir ao documentário O Século do Globo é uma boa surpresa. A produção se destaca pela coragem de abordar temas sensíveis da história da imprensa brasileira, especialmente o papel de Roberto Marinho durante a ditadura militar.

Também se destacam as entrevistas com os filhos de Roberto Marinho - João Roberto, José Roberto e Roberto Irineu - que falaram , dentre outras coisas, sobre o processo de sucessão após a morte do pai. Os relatos dos biógrafos Leonêncio Nossa e Pedro Bial trazem perspectivas e histórias curiosas.

A série também impressiona pelas dramatizações cinematográficas e pela recriação da redação de O Globo, utilizando recursos de inteligência artificial e realidade aumentada.

Embora algumas narrativas exibidas possam gerar debate, o grande mérito de O Século do Globo está na sua ousadia: o documentário trata de temas delicados na história do maior grupo de mídia do país, de forma inédita.

Um exemplo é o trecho que aborda o início da TV Globo, em 1965, e sua relação com o grupo americano Time-Life, uma parceria que o Grupo Globo raramente admite como sociedade, mas que o documentário revela de forma clara e direta.

Méritos sobre o doc O Século do Globo

Pela primeira vez, um integrante da família Marinho fala abertamente sobre a relação institucional e pessoal com políticos. João Roberto Marinho, presidente do Grupo Globo, comenta sobre Dilma, Lula, Brizola, Bolsonaro e Temer. Além disso, o deixa claro que, ao contrário de seu pai, essa relação política hoje é conduzida com muito mais discrição.

Mas o principal mérito de O Século do Globo é conseguir humanizar um dos períodos mais controversos da história do jornal: seu apoio à ditadura militar. Segue alguns trechos:


Leonêncio Nossa, jornalista e biógrafo de Roberto Marinho: “No início de 64, você tem um país em convulsão, é uma série de crises, gente nas ruas, o campo está mais detalhado, você começa a ter nas cidades as grandes manifestações e os jornais vão se colocar ali bem, de forma muito crítica a ele. Só que quando os militares descem de Juiz de Fora e o golpe é consolidado, quando não tem mais jeito, aí há uma adesão do Globo ao novo regime.”

João Roberto Marinho, presidente do Conselho e do Grupo Globo: “Assim, todos (os jornais) apoiaram aquele momento pela desordem que tinha no país. Mas assim, o que o Globo apoiou foi uma intervenção que estava prevista para acabar um ano depois, em 65, ter uma eleição para presidente e que desvirtua no caminho. Depois vem a linha dura".

Octavio Guedes, comentarista da GloboNews: “O Globo, ele se alinha à ditadura desde o primeiro momento. O Roberto Marinho tem esse famoso editorial em que ele confirma, que, como ele chamava, a Revolução de 64, o golpe, livrou o Brasil do comunismo. O Roberto Marinho é um notório anticomunista".

Roberto Irineu Marinho, vice-presidente do Conselho e do Grupo Globo: “Meu papai nunca se preocupou muito qual é o partido de cada um, o que é que pensa de cada um. Ele se preocupava quem era profissional e sabia trabalhar e trabalhava direito dentro do jornal. É engraçado que ele uma vez me comentou comigo que nunca foi traído por ninguém do Partido Comunista”.

Ernesto Rodrigues, autor da trilogia 'A Globo' : “O que ele queria era sobreviver como empresário. O que fica claro em todos os relatos que eu vi é que ele queria manter viva a empresa durante a ditadura. Então, não é também aquela imagem que se cristalizou muito dele como se fosse o paladino da ditadura. Ele aderiu, ele se submeteu à ditadura, mas não foi com muito prazer, eu ouso dizer isso”.

Em outro momento, a lembrança do sequestro de um jornalista de O Globo pelos militares reforça o clima de tensão vivido na época.

Vale a pena assistir ao documentário do jornal O Globo


Mais do que um simples retrato biográfico, O Século do Globo pode até soar chapa-branca em alguns trechos - e se esforça em fugir disso - mas oferece uma valiosa oportunidade para compreender como a mídia se posicionou em momentos decisivos da história do Brasil e como essas escolhas ainda reverberam nos dias de hoje.

Além disso, revela um Roberto Marinho por trás do mito do magnata das comunicações, mais humano, complexo e cheio de nuances. Vale a pena assistir e refletir. 

Parabéns aos envolvidos e ao O Globo, sem dúvida um dos jornais mais importantes do país nos últimos 100 anos.

Fonte:natelinha.uol


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