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O estudante cego Edmilson, o 1º estudante se formar na Universidade Federal de Viçosa, comemora a longa conquista suada. - Foto: arquivo pessoal |
Estudava com crianças de 7 anos
Aprendeu braile
Somente aos 27 anos, em 2012, ele começou a aprender braile, na Sala de Recursos de uma escola estadual em Ponte Nova, cidade vizinha.
Aí, concluiu o ensino fundamental e médio pelo CESEC de Ponte Nova. Prestou o Enem duas vezes e, em 2017, conseguiu nota suficiente para ingressar na UFV, onde começava outro grande desafio: conseguir se adaptar à nova cidade e à vida universitária.
Não sabia andar no campus
Ao deixar a zona rural de Guaraciaba, Edmilson foi morar nas moradias estudantis da UFV. Mais barreiras para superar.
“Quando cheguei na UFV, tudo era novo para mim. E, para uma pessoa cega, quando o espaço não é familiar, ele se torna uma barreira”, relembra.
Ele conta que para ir ao restaurante universitário precisava da ajuda dos colegas porque não conseguia atravessar o campus.
Até conhecer o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (UPI/UFV). Com o apoio do centro e o esforço pessoal começou a desenvolver autonomia, andar sozinho, reconhecer caminhos e utilizar recursos como leitores de tela, textos em braile e monitores acadêmicos.
Aprendeu libras
No final do curso, Edmilson precisou aprender libras para conseguir se comunicar com o colega de quarto, um estudante surdo.
“Imagine um cego e um surdo tentando se comunicar. No começo, usávamos o WhatsApp. Depois, aprendi o alfabeto em libras com ele. Hoje, caminhamos juntos por Viçosa”.
Quando chegou a pandemia de Covid-19, mais dificuldades. Ele não tinha internet em casa e era obrigado a usar o sinal dos vizinhos no quintal, para assistir às aulas.
E mais uma vez, Edmilson persistiu: “Eu pensava: isso é só mais uma aprendizagem. Agora estou aqui, formado”, comemorou
Pais de Edmilson, trabalhadores rurais com pouca escolaridade, não sabiam que o filho precisava de cuidados e estímulos específicos ao nascer. Além disso, a pequena cidade não dispunha de estrutura suficiente para acolher uma criança cega na escola.
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Edmilson na primeira turma da escola, com alunos de 7 anos, na zona rural de Guaraciaba. – Foto: arquivo pessoal |
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Edmilson, o primeiro estudante cego a se formar em Pedagogia na Universidade Federal de Viçosa (MG). -Foto: arquivo pessoal |