A inflação oficial ganhou força e subiu para 0,48% em setembro, mostram dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se da maior variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para o mês em quatro anos. A alta foi determinada pelo encarecimento das contas de luz, que aumentaram com o fim do chamado "Bônus de Itaipu" e a manutenção da bandeira tarifária de maior custo extra.
Como foi o IPCA
Inflação de setembro foi a maior para o mês desde 2021 (1,16%). O avanço de 0,48% do índice oficial de preços aparece pouco abaixo das expectativas do mercado financeiro (+0,55%) e reverte a deflação de 0,11% registrada em agosto. No ano passado, o IPCA de setembro foi de 0,44%.
IPCA acumulado nos últimos 12 meses volta a ganhar ritmo. A inflação apurada no período entre outubro de 2024 e setembro deste ano subiu de 5,13% para 5,17%. No mesmo intervalo do ano passado, a alta do indicador era de 4,42%.
Indicador permanece acima do teto da meta para este ano. A taxa contabilizada pela inflação segue, pelo 12º mês consecutivo, acima da margem de tolerância definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). O órgão determina que o IPCA deve ser de 3% e admite oscilações de 1,5 ponto percentual (entre 1,5% e 4,5%).
Índice deve voltar ao intervalo da meta no início de 2026. A estimativa é partilhada pelo BC (Banco Central) e pelos analistas do mercado financeiro. Em carta enviada ao ministro da Fazenda para justificar o estouro da meta nos seis primeiros meses deste ano, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, projetou que o IPCA acumulado recuará para 4,2% em março de 2026.
Contas de luz
Valor das tarifas de energia elétrica voltou a subir em setembro. A alta de 10,3% registrada foi uma recomposição da queda de 4,21% dos preços no mês passado. O peso no bolso das famílias faz das contas de luz o principal vilão da inflação de setembro.
Bandeira tarifária guia o aumento das contas de energia elétrica. A manutenção da bandeira tarifária vermelha Patamar 2 nas tarifas residenciais neste mês é uma das justificativas para o aumento das tarifas. A determinação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) eleva o valor dos boletos em R$ 7,87 a cada 100 kW/h (quilowatt-hora) consumidos.
"Bônus de Itaipu" também ajudou no aumento das contas de luz. Após trazer um alívio momentâneo em agosto, o resultado positivo de comercialização da parte brasileira da Hidrelétrica Itaipu não foi deduzido do valor das tarifas do mês passado. O abatimento médio de R$ 11,59 foi realizado para todos os clientes residenciais ou rurais que tiveram consumo inferior a 350 kWh em pelo menos um mês de 2024.
Alimentos
Preços de alimentos e bebidas recuaram pelo quarto mês seguido. A variação negativa de 0,26% em setembro foi influenciada pelo barateamento da alimentação no domicílio, que caiu 0,41%, após redução de 0,83% de agosto.
Destaques envolvem alimentos de alta presença na mesa dos brasileiros. As principais baixas do mês foram contabilizadas nos preços do tomate (-11,52%), da cebola (-10,16%), do alho (-8,7%), da batata-inglesa (-8,55%) e do arroz (-2,14%). Entre as altas, os principais pesos partiram das frutas (2,4%) e do óleo de soja (3,57%).
"O grupamento dos alimentos para consumo em casa segue com variações negativas, dada a maior oferta dos produtos, o que possivelmente já reflete na alimentação fora, com a queda nos preços na refeição." Fernando Gonçalves, gerente do IPCA
Alimentação fora de casa perde ritmo. A desaceleração fez o índice variar 0,11% em setembro, após alta de 0,5% contabilizada em agosto. Na análise, os preços dos lanches passaram de 0,83% para 0,53%, enquanto a refeição ficou 0,18% mais barata.
Veja a variação de cada grupo:
Artigos de residência: -0,4%
Alimentação: -0,26%
Comunicação: -0,17%
Transportes: +0,01%
Educação: +0,07%
Saúde e cuidados pessoais: +0,17%
Despesas pessoais: +0,51%
Vestuário: +0,63%
Habitação: +2,97%
O que é o IPCA
Inflação oficial é calculada a partir de 377 produtos e serviços. A escolha pelos itens tem como base o consumo das famílias com rendimentos entre um e 40 salários mínimos. O cálculo final considera um peso específico para cada um dos itens analisados pelo indicador.
IPCA abrange a evolução dos preços em nove grandes grupos. As análises consideram as variações apresentadas por itens das áreas de alimentação e bebidas, artigos residenciais, comunicação, despesas pessoais, educação, habitação, saúde e cuidados pessoais, transportes e vestuário.
Análise mensal é realizada nos grandes centros urbanos do Brasil. Para isso, o IBGE realiza as coletas de preços nas regiões metropolitanas de Belém (PA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e do Distrito Federal. Também há pesquisadores nos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
Fonte: Economia Uol
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