terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Jovem morto por leoa foi preso e internado em hospital psiquiátrico no Recife antes do incidente



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Gerson de Melo Machado, de 19 anos, tinha transtornos mentais diagnosticados tardiamente, e lutava por reconhecimento e cuidado devido do Estado

Gerson de Melo Machado, jovem de 19 anos morto após entrar na jaula de uma leoa no Parque Arruda Câmara(Bica), em João Pessoa-PB - Foto: Redes Sociais/Reprodução; TV Correio/Reprodução

Gerson de Melo Machado, jovem de 19 anos que morreu após entrar na jaula de uma leoa no Parque Arruda Câmara (Bica), em João Pessoa, na Paraíba, foi preso duas vezes em Pernambuco pouco menos de dois meses antes do incidente fatal do último domingo (30).

Nas duas ocasiões, Gerson, que era conhecido como "Vaqueirinho", foi internado no Hospital Ulysses Pernambuco (HUP), localizado no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife.

O HUP é, atualmente, a única emergência psiquiátrica 24 horas de Pernambuco e possui 115 leitos de internação de curta permanência para adultos em grave sofrimento mental.

Gerson tinha transtornos mentais diagnosticados tardiamente e lutava por reconhecimento e cuidado devido do estado, segundo a conselheira tutelar Verônica Oliveira. Ela o acompanhou dos 10 aos 18 anos no Conselho Tutelar de Mangabeira, e viu de perto uma vida marcada por abandono e vulnerabilidade social até o seu triste fim.

A reportagem da Folha de Pernambuco localizou no sistema do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) os dados de duas audiências de custódia referentes a prisões em flagrante de Gerson no mês de outubro, sendo a primeira no dia 16 e a segunda no dia 26.

Em ambos os casos, ele foi liberado pela Justiça e encaminhado para o hospital psiquiátrico no Recife para receber tratamento adequado.

O que chama a atenção, no entanto, é que o período entre o primeiro processo de detenção, liberação e internação para a segunda prisão e admissão no hospital foi de apenas 10 dias. Veja a cronologia abaixo.

Primeira prisão

Na primeira prisão, Gerson foi detido em flagrante em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, pela 2ª equipe de Plantão de Prazeres. 

Em audiência de custódia no dia 16, ele teve liberdade concedida pela juíza Idiara Buenos Aires Cavalcanti, da 3ª Vara Criminal da Comarca de Jaboatão dos Guararapes. Nos autos do processo, ela detalhou que Gerson "estava em crise e não tinha condições de responder às perguntas formuladas", e que ele precisou ser retirado da sala da sessão.

Com isso, ficou determinado que Gerson teria liberdade concedida porque não havia indicativos de que poderia "causar embaraços à instrução criminal ou evadir-se do distrito da culpa".

"O autuado deverá ser conduzido pelo policiamento responsável pela condução da área, ao Hospital Ulysses Pernambucano, a fim de que receba o tratamento adequado, ressaltando que do ponto de vista jurídico o autuado se encontra em liberdade, ficando, evidentemente, a critério da equipe médica do hospital, assim como da equipe de avaliação e de medidas terapêuticas aplicáveis à pessoas com transtorno mental em conflito com a lei, analisar a medida médica adequada", diz trecho da decisão.

A Justiça também determinou que, uma vez restabelecida a situação de Gerson, deveria ser vista a viabilidade "de serem reatados os vínculos familiares".



Jovem morto por leoa em João Pessoa (PB) chegou a ser internado duas vezes no Hospital Ulysses Pernambucano, no Recife, em outubro. | Foto: SES-PE/Divulgação

Segunda prisão

Apenas 10 dias após a primeira prisão, soltura e internação no Hospital Ulysses Pernambucano, Gerson passou por mais uma audiência de custódia. Dessa vez, ele havia sido preso em flagrante no Recife pela Central de Plantões da Capital (Ceplanc).

Dessa vez, a juíza Gisele Vieira de Resende, da 10ª Vara Criminal da Capital, conduziu a audiência de custódia e seguiu a mesma linha da decisão anterior, da Justiça de Jaboatão dos Guararapes. 


Ficou determinado na audiência que Gerson seria solto e encaminhado novamente para o Hospital Ulysses Pernambucano. A equipe de assistência social da unidade médica ficou responsável por entrar em contato com os familiares do jovem, em João Pessoa, no endereço que ele mesmo informou.

Não constam nos autos do TJPE os motivos das prisões em flagrante de Gerson no Recife e em Jaboatão dos Guararapes. A Folha de Pernambuco procurou a Polícia Civil em busca das informações, mas, até a publicação da matéria, não recebeu retorno.

O que diz a SES-PE

Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) confirmou que Gerson "foi atendido e internado em duas ocasiões no Hospital Ulysses Pernambucano (HUP) este ano". O tratamento foi realizado por uma equipe multidisciplinar.

Não foram informadas, no entanto, as circunstâncias das liberações de Gerson da unidade médico e se chegou a ser feito, de fato, o contato com familiares do jovem em João Pessoa. Também não foi repassado quanto tempo ele ficou internado em cada ocasião. O período todo entre a primeira admissão na unidade hospitalar e a segunda foi de 10 dias.

À reportagem, a SES-PE afirmou ainda que não podia dar referências detalhadas do atendimento porque trata-se de "informações sigilosas, que, segundo a Resolução nº 1.605/2000 do Conselho Federal de Medicina (CFM), são proibidas de serem divulgadas sem autorização do paciente - sejam dados de prontuários ou fichas médicas".

Vale ressaltar também que ficou determinado pela Justiça que, como Gerson teve liberdade concedida, era responsabilidade do hospital analisar a medida médica adequada.

Como aconteceu

O ataque aconteceu enquanto o zoológico estava aberto ao público e foi registrado em vídeos por visitantes, no último domingo (30). Gerson escalou uma parede de mais de 6 metros, ultrapassou grades reforçadas, usou uma árvore como apoio e conseguiu entrar na área restrita à leoa. Instantes depois, foi atacado.

De acordo com a TV Cabo Branco, o Instituto de Polícia Científica (IPC) da Paraíba informou que Gerson morreu por choque hemorrágico causado por ferimentos perfurantes e contundentes na região do pescoço.

Vídeos que circulam na internet feitos por visitantes do local mostram o homem subindo a estrutura lateral da jaula antes de acessar o recinto. Equipes de resgate foram acionadas rapidamente, mas ele não resistiu aos ferimentos.


Leoa passa bem

Por meio de nota, a direção do parque informou que a leoa não será sacrificada. O animal, chamado de "Leona", passa bem, segue em observação e acompanhamento contínuo por ter passado por um "nível elevado de estresse".

"É importante reforçar que em nenhum momento foi considerada a possibilidade de eutanásia. Leona está saudável, não apresenta comportamento agressivo fora do contexto do ocorrido e não será sacrificada. O protocolo em situações como essa prevê exatamente o que está sendo feito: monitoramento, avaliação comportamental e cuidados especializados", destacou o parque em nota.

Médicos veterinários, tratatores e técnicos estão dedicados ao bem-estar da leoa para garantir que ela "fique bem, se estabilize emocionalmente e retome sua rotina com segurança". O parque ainda destacou que o animal não apresenta comportamento agressivo.

O parque foi fechado logo após o incidente. A Polícia Civil e a perícia criminal analisam como o homem conseguiu superar todas as barreiras de segurança. A Prefeitura de João Pessoa manifestou solidariedade à família e disse colaborar com todas as apurações.

Fonte: Folha de Pernambuco 



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