REPRODUÇÃO/INSTAGRAM E SBT.
O SBT News precisou de apenas um dia no ar para enfrentar sua primeira crise com a extrema direita. O estopim foi a reação do cantor Zezé Di Camargo, que usou suas redes sociais para exigir que a emissora deixasse de exibir o especial Natal É Amor após o canal receber o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no evento de lançamento. Apoiador de Jair Bolsonaro (PL), o sertanejo chegou a afirmar que o SBT estaria se "prostituindo" --abrindo uma dor de cabeça que tem tudo para virar enxaqueca nos bastidores.
Mesmo com o discurso de uma suposta imparcialidade --que, na prática, se aproxima da tradicional "chapa branca" que historicamente marca o jornalismo do SBT--, o SBT News não passou incólume às polêmicas. Pelo contrário: o canal de notícias tende a sofrer novas investidas ao longo de 2026, a exemplo do que já ocorre com TVs do mesmo segmento, como a GloboNews.
Esse é um movimento que tem sido observado por uma série de cientistas sociais, antropólogos e pesquisadores da área de Comunicação.Por mais chapa-branca que o SBT News possa ser, ou mesmo que o projeto tenha sido liderado por um ex-ministro de Bolsonaro --Fábio Faria, marido de Patricia Abravanel-- ele será sempre considerado uma mídia tradicional, hegemônica.
O bolsonarismo, por outro lado, surpreendentemente se vê como antiestrutural. Basta lembrar que Jair Bolsonaro (PL) se apresentava como um candidato antissistema nas eleições de 2018, mesmo depois de décadas como deputado no Congresso Nacional.
A própria arena fundamental para a extrema direita são as mídias sociais, especialmente as privadas, como o WhatsApp e o Telegram. Elas se alimentam da ruptura das estruturas tradicionais --especialmente a TV aberta e os grandes jornais para ocupar pouco a pouco esses espaços.
O SBT News já entra meio nocauteado nessa briga com os bolsonaristas, porque a mídia vem sendo constantemente atacada, questionada e desmerecida pela alt-right. E não só a mídia. Basta ver como profissionais altamente especializados em suas áreas, como o médico Drauzio Varella, constantemente têm que desmentir informações falsas que se espalharam pelas redes sociais.
Essa é uma crise muito maior, a da verdade, em que a figura do perito --clássica da modernidade-- vai sendo substituída pela do influenciador.A informação não é necessariamente o ponto mais importante, mas o produto, o consumo e o lucro/interesses pessoais: da gominha para fazer crescer cabelo ao político em que você deve votar nas próximas eleições.
No fim das contas, o SBT News estreia já imerso numa crise mais ampla: a de um ecossistema informacional em que a mídia tradicional passou a ser vista como inimiga por forças antiestruturais que rejeitam mediações, instituições e qualquer forma de autoridade simbólica. Nesse cenário, o canal entra em campo não apenas para disputar audiência, mas para enfrentar um embate estrutural sobre quem tem o poder de definir o que é verdade.
Fonte: Notícias da TV
PUBLICIDADE



















