(Foto reprodução) |
A história do servidor público tem sido marcada por lutas constantes
que são inerentes à uma categoria. Entretanto, nem sempre os ataques são
diretos e claros, pois a administração pública consegue, tenta sutilmente
impor-se por abuso de poder, utilizando-se de argumentos de que seus atos são
para o bem do serviço público.
Uma das formas mais comuns de se penalizar o servidor público
que não “se alinha”, que “não compactua” com as ações desmedidas de politicagem
de um administrador, é a perseguição política aplicada ao servidor para que
sirva de exemplo aos demais, forçando-os a se calarem.
A perseguição política é uma das formas mais covardes de se
manipular e pressionar os servidores, sendo a remoção e transferência um jeito
velado de se perseguir. Não podemos expor nosso ponto de vista e manifestarmos
qualquer opinião que venha a desagradar os que estão no poder. Somos feridos em
nosso direito de ir e vir, quando nos forçam a negar as nossas opiniões e
idéias, ou seja, deixamos de ser livres, uma vez que tornamo-nos prisioneiros
de um sistema opressor onde gostam de fazer valer aquele ditado popular que se
diz: “manda quem pode e obedece quem tem juízo”. Será essa mais uma frase para
nos ameaçar ou uma simples demonstração do poder e da liderança imposta pela
força?
A perseguição política é um tipo de comportamento, de
atitude, que certamente deverá atribuir-se à pessoas inseguras e fracas. Seria
pedir demais, que nos deixassem livres para escolhermos de que lado queremos
estar? Talvez essa seja uma proposta assustadora para muitos que não sabem
conquistar ou que não confiam em si mesmo.
Indigna-nos constatar o fato de que tem administradores
públicos que gastam tanta energia investindo em medidas punitivas para os seus
subordinados, quando seria mais inteligente devotarem tempo e atenção para
motivar, incentivar, qualificar cada trabalhador, para que estes possam
sentir-se mais valorizados e respeitados.
Vejo ainda, quão importante são os erros alheios para
evitarmos os nossos, mas temos que estar bem atentos para não repetí-los e mais
do que isso, desejar não errar novamente.
Exemplificando, basta olharmos para as guerras no Oriente
Médio. Até hoje, resultaram apenas em sofrimento, dor e ódio para todo um povo.
As guerras não conduzem à paz. Plantam a discórdia e a confusão, jamais
colherão a tranquilidade e o amor. Precisam mudar de estratégia, avançar, dar
um passo adiante. E, assim ocorre no serviço público, onde muitos líderes não
avançam, gostam de dizer que não são políticos e vivem fazendo politicagem. É
incrível como aprendem rápido.
Desde os tempos da escravidão, já tentaram aprisionar os
pensamentos e as ideias alheias, mas nunca conseguiram e jamais conseguirão;
massacravam o corpo, mas o espírito estava ali gritando, reagindo. Todos temos
vida própria, somos dotados de inteligência e raciocínio.
Ninguém é superior num contexto em que fazemos parte de uma
mesma humanidade. A espécie humana é uma só. Precisamos, urgentemente, aprender
mais sobre o respeito mútuo.
Fico espantada ao ver que existem pessoas tão ingênuas,
especialmente na administração pública, que se acham imbatíveis, superpoderosas.
Será que não param para refletir que tudo é passageiro? Que tudo passa?
Inclusive o poder que se julga ter sobre os outros? A morte é a única certeza
que temos, sobretudo, que ela virá para todos. Então, por que tantos vivem
atropelando os outros, desprestigiando, ferindo, implicando?
É uma pena vermos os nossos representantes andando na
contramão da vida. Perdem tempo com coisas pequenas, gostam de valorizar as
“picuinhas”. E, o pior, é que vivem cercados de pessoas fingidas e
interesseiras. São os amigos do poder. Certa vez, ouvi alguém dizer que “é
melhor puxar saco do que puxar carroça” e fiquei a refletir, concluindo que
essa pessoa não tem amor próprio. Ama o poder e por isso valoriza quem o detém.
Entretanto, nem sempre poderá andar de cabeça erguida e estar com a consciência
tranquila, pois inegavelmente, compactuará com injustiças e pecados. Bem se diz
que o diploma nem sempre é sinal de sabedoria.
É impressionante como o poder e o dinheiro interferem no
comportamento de certas pessoas, transformando-as em seres frios, sem sentimentos
e emoção. Essas pessoas ficam como que “dependentes”, já não conseguem mais
viver sem estar no poder e lutam, de maneiras absurdas, para manterem-se em
qualquer cargo, onde possam exercê-lo. É como um vício, depois que
experimentam, passam a querer sempre mais, custe o que custar. É de dar dó. É
também de se lastimar que as chances de se aproveitar a vida sejam
desperdiçadas, pois já não são capazes de sorrir com sinceridade. São seres que
não conseguem desfrutar das alegrias de coisas simples, não sabem servir, não
sabem agradecer, sequer conseguem cumprimentar alguém com simpatia.
São seres humanos que se tornaram infelizes, carrancudos, mal-humorados.
Então, como são infelizes, querem também fazer com que os outros também o
sejam: começam a perseguir, usam de autoritarismo, gritam, ironizam. Contudo,
calmamente observamos que a tempestade vai passar, e felizmente nós servidores
públicos, somos bastante resistentes para aguentar, mas carregamos a esperança
de um dia, quem sabe, assim como ocorreu com a escravidão e ditadura, vermos
banidas as perseguições covardes que se praticam no serviço público. E que
ninguém seja forçado a nada, que haja respeito e parceria entre todos aqueles
que caminham juntos, ainda que com ideais diferentes.
Autora: Cláudia Angélica Mendes Santos, pós-graduada em
gestão escolar, funcionária pública municipal
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