A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, disse que o presidente Lula (PT) vai nomear um novo presidente do INSS em vez de Carlos Lupi, ministro da Previdência Social, após a fraude de descontos não autorizados nas aposentadorias. Segundo ela, a nomeação acontecerá "o mais rápido possível".
"O presidente vai nomear um novo presidente do INSS, uma nova direção do INSS. E a recomendação, com certeza, é isso, desses fatos serem resolvidos, ou seja, todos esses gargalos, vasos serem fechados para não acontecer de novo, e ter medidas no âmbito administrativo, tecnológico, para que o instituto melhore sua administração".
A nomeação do novo presidente do INSS por Lula, segundo a ministra, acontece "porque o presidente resolveu fazer". Ela negou que a decisão de Lula fazer a nomeação seja por falta de confiança em Lupi: "não é que perdeu a confiança, o presidente acha que tem que fazer a nomeação do INSS e resolveu trazer pra si".
Gleisi também disse "não há nada" contra Lupi na investigação sobre a fraude no INSS e que, caso no futuro algo o envolva, ele tem que ser afastado. Ela indicou que ele deve permanecer no cargo de ministro da Previdência no momento.
"Se não tem nada que o envolve, não tem motivo para ser afastado. Eu acho que ele está fazendo as explicações, se defendendo. Obviamente, se tiver alguma coisa que no futuro venha envolvê-lo, e não só ele, qualquer outro ministro, aí sim tem que ser afastado e o presidente não vai deixar de fazer isso", disse Gleisi.
Gleisi disse que o presidente Lula não chegou a determinar que Lupi se manifestasse sobre as fraudes no INSS, mas que "o governo espera que ele desse explicações" e que o caso seja resolvido. "E agora que ele já esclareceu, acho que tem que se concentrar para adotar todas as medidas e essa é a orientação firme do presidente. Adotar todas as medidas para resolver essa situação."
"O que é preciso é que as coisas que Lula determinou sejam feitas, ou seja, continue-se a investigação e se aprofunda a investigação, porque o que nós estamos vendo agora é algo que não começou agora, é o que começou anteriormente, ou seja, desde 2019 tem problemas de irregularidades, quem que decidiu investigar foi o governo do presidente Lula, foi a Controladoria-Geral da União que fez o relatório, pegou dados do TCU e acionou a Polícia Federal."
Ressarcimento aos afetados do INSS
Os aposentados e pensionistas afetados pelos descontos irregulares do INSS vão receber os valores descontados de abril agora em maio, segundo Gleisi, mas que o governo estuda os meios legais para devolver os valores de meses anteriores.
"O governo está empenhado em em fazer todas as investigações, em apurar quem são os responsáveis, fazer a punição correta e assegurar os direitos dos afetados. Os descontos de abril vão ser ressarcidos, mas os demais, precisamos de instrumento legal para fazê-lo. Tanto em cima das entidades que o governo vai cobrar quanto em relação até ao seu orçamento próprio. O presidente já designou um grupo de trabalho através da AGU para fazer esse levantamento."
Governo quer votos da coalizão União Progressita
A formalização da coalizão União Progressista, pela fusão dos partidos União Brasil e Progressistas, que criou a maior bancada na Câmara dos Deputados (com 109 deputados) e, no Senado, 14 senadores, não preocupa, segundo Gleisi, e que o governo quer os votos deles para aprovar pautas no Congresso Nacional. Os dois partidos têm ministérios no governo Lula.
"Queremos continuar contando com a base parlamentar deles no Congresso, que temos contado até agora. Isso para nós é muito importante. Em relação às contradições, eles quem têm que se explicar. Acho que tem muito mais problemas entre eles do que deles conosco. Vamos esperar para ver o que acontece, para ver se eles vão se comportar direitinho."
Fonte: G1 Globo