Escola Família Agrícola Mãe Jovina - Em 1993 tornava-se realidade a Escola Família Agrícola Mãe Jovina, uma iniciativa que fortalece a adequação da escola à vida do campo. Através da pedagogia da alternância, os estudantes passam parte do tempo escolar aprendendo a trabalhar com a terra, plantas, animais e a conviver e interagir com a realidade agrícola, e outra parte em sua comunidade, aplicando o conhecimento a sua realidade.
A primeira turma da escola contou com 46 estudantes, sendo apenas 4 deles mulheres. Vinte e cinco anos após sua criação, a escola é marcada pela diversidade e atende 5 territórios, 14 municípios, 176 estudantes e cerca de 150 famílias. É oferecido o ensino médio e os estudantes concluem sua trajetória escolar com a formação técnica em agropecuária.
A Escola Agrícola estimula que seus estudantes estejam em espaços de incidência política, a reflexão crítica e o debate de temas importantes, como gênero. Uma das maiores contribuições dessa iniciativa é o fortalecimento da convivência com o semiárido e de um novo horizonte para a juventude rural, anteriormente marcada pelo alto índice de migração para os grandes centros urbanos.
Dentre as atividades de destaque estão as experiências voltadas para a agricultura familiar, biodigestores e recuperação de áreas degradadas e improdutivas, através das agro florestas. Através do estágio, esse conhecimento é partilhado com as famílias do projeto “Água para viver: O Uso Sustentável da água no semiárido”.
BAIXA GRANDE
Associação de Mulheres do KM 4 - Valmirete da Silva é uma das protagonistas da Associação de Mulheres do KM 4. Confira seu relato:
“Eu nasci no Povoado Massaranduba, uma comunidade na zona rural do município de Baixa Grande. A principal fonte de renda das pessoas da minha comunidade é a agricultura e o principal desafio é a falta de água. Moro no Nordeste, no Semiárido, onde tem mais seca do que chuva e ainda existe dificuldade em guardar a água para os tempos de estiagem. A reserva de água que tem na comunidade veio do projeto de convivência com semiárido onde quase todas as famílias foram contempladas com uma cisterna de 16 mil litros para a o consumo, mas nem todos tem acesso aos tanques para produção e sem água não há produção.
A associação surgiu com um movimento do dia internacional da mulher. Muitas mulheres estavam com a autoestima baixa, inclusive eu era uma delas, então se formou um grupo e sentimos a necessidade de gerar renda para nos tornarmos mulheres mais empoderadas.
Através do projeto aconteceram capacitações e o grupo se identificou com a produção de polpas, pois havia muito desperdício de frutas na comunidade. No princípio, não tinha nenhum fundo de reserva nem dinheiro para poder comprar os frutos para produção das polpas e várias mulheres que tinham acerola, cajá, manga, goiaba, maracujá e outras frutas colhiam e doavam para o grupo. Hoje, a gente já não faz mais esse processo de receber doação, fazemos questão de comprar das mulheres que doaram as frutas no início e dos produtores da região.
Com a instalação das cisternas de produção, pequenos produtores - mesmo não tendo uma roça de maracujá ou acerola - têm cinco, seis pés que são irrigados com essa água e ajudam no sustento. Tenho exemplo de muitas famílias que melhoraram muito de vida depois do projeto por ter onde trazer os seus produtos. Assim que colhem uma ou duas caixas de frutas já telefonam pra gente pegar. Isso gera renda para família.”
Associação Comunitária dos Produtores Rurais de Santa Cecília - Na década de 1990, Santa Cecília foi uma das primeiras comunidades a ser contemplada por ações de convivência com o Semiárido, através da construção de cisternas de consumo de 16 mil litros.
Sem apoio governamental na época, o financiamento para implementação das tecnologias ocorriam através de recurso de entidades e organizações de outros países e entidades locais como a Paróquia e a Diocese, que captavam recurso e aplicavam em projetos sociais. Por esses recursos serem insuficientes para atender as demandas de toda comunidade e para incentivar a organização coletiva e a solidariedade, eram aplicados na modalidade de fundo rotativo. Com isso as famílias assumiam o compromisso de devolver o recurso que foi aplicado para que a tecnologia fosse multiplicada e outras famílias pudessem ser contempladas.
Nos anos 2000, com o apoio governamental para implementação de tecnologias de captação de água de chuva, o recurso do fundo rotativo passou a apoiar outras ações dentro da comunidade, como o beneficiamento de polpa de frutas, construção de banheiros e reforma de casas.
A iniciativa de fundo rotativo implementada e mantida até os dias atuais tem proporcionado que as famílias e a comunidade tenham uma vida mais digna, através da inclusão sócio produtiva, geração de renda e elevação da autoestima, através da valorização do seu trabalho e da organização comunitária.
Essa experiência, mostra como as pequenas iniciativas podem contribui com a inclusão social e econômica das comunidades no semiárido.
VÁRZEA DO POÇO
Reflorestamento - Localizado a cerca de 6km do centro de Várzea do Poço (BA), o sitio Axixá se tornou uma referência a partir da iniciativa de reflorestamento no Semiárido.