A Comissão de Saúde e
Saneamento da Assembleia Legislativa abriu as portas para a odontologia baiana
na manhã desta terça-feira (29). Por meio de uma audiência pública, proposta
pelo deputado Jacó Lula da Silva (PT), o Parlamento homenageou os profissionais
da área pela passagem do Dia do Dentista, celebrado em 25 de outubro. Em
discurso, o petista relembrou o tempo em que viveu na zona rural e a
dificuldade de atendimento odontológico para o povo sertanejo.
Ciente dos desafios
enfrentados pelos dentistas, o deputado parabenizou a classe e ressaltou o
compromisso com a saúde pública. “Não é fácil ser dentista em municípios
distantes e de difícil acesso, mas a gente percebe o amor pela profissão e o
cuidado com as pessoas. Isso é admirável. Não sou médico como a maioria dos
integrantes desta comissão. Por isso, o meu olhar é sempre de usuário dos
serviços de saúde. Sei da necessidade, e da importância do dentista, uma
categoria que merece todo o meu reconhecimento”, parabenizou.
O colegiado aproveitou a
oportunidade para homenagear o presidente do Conselho Regional de Odontologia
da Bahia (Croba) e diretor da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal
da Bahia (FOUFBA), Marcel Lautenschlager Arriaga. Grato pelo reconhecimento,
Arriaga ressaltou que a ocasião é o momento ideal para comemorar, desde que não
se esqueça dos pleitos da classe.
Marcel Arriaga agradeceu o espaço
de discussão aberto pelo colegiado e, além disso, falou sobre o avanço
histórico da profissão, ressaltando a desconstrução necessária do entendimento
de que odontologia trata somente de dente. Segundo Arriaga, atualmente a
profissão dialoga com outros setores – tendo participação em cirurgias de
trauma, além de outras áreas como estética. O convidado também criticou a
situação em que a política de saúde bucal está submetida.
INSUFICIÊNCIA
“Estamos com um financiamento
do Governo Federal insuficiente. A situação é de retrocesso a 2005. Neste
sentido, a odontologia regride. Isso deixa claro que precisamos pôr a mão na
massa e construir um plano de saúde bucal no Estado e nos municípios, além de
criar uma coordenação de Saúde Bucal na Bahia”, enfatizou.
Arriaga também chamou a
atenção para a necessidade de aumento na participação de dentistas nos
hospitais, com mais vagas para buco-maxilo-facial. “Se os acidentes, sobretudo
de motos, estão aumentando, precisamos mais de bucos nos hospitais. Eles são profissionais
imprescindíveis para lidar com pacientes vítimas de traumas”, explicou.
A deputada Fabíola Mansur
(PSB) criticou a atuação dos planos de saúde. Segundo a parlamentar as empresas
que oferecem este tipo de assistência têm cerceado o acesso do cidadão à saúde.
“Dão uma falsa sensação de segurança aos beneficiários, mas dificultam o
serviço de saúde. Na verdade, os planos querem pacientes saudáveis e não
pessoas para serem atendidas”, criticou.
A socialista ressaltou ainda a
necessidade de coibir o exercício ilegal da profissão como forma de garantia de
um atendimento qualificado ao indivíduo. “Quando valorizamos saúde pública de
qualidade, queremos saúde de primeiro mundo. E, para isso, precisamos que
profissionais da área atendam à população. São estes profissionais capacitados
que têm condições de resolver os problemas”, disse.
A função das faculdades de
odontologias também foram discutidas. Segundo o vice-diretor da Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal da Bahia (FOUFBA), Antônio Pita, as
universidades são responsáveis pela prestação de importante serviço à
sociedade. De acordo com o odontólogo, somente na capital a Ufba e a Faculdade
Baiana possuem 160 e 120 consultórios de atendimentos, respectivamente,
proporcionando maior assistência odontológicos à população. “Multiplicando
pelas outras unidades espalhadas pelo estado, superam e muito os serviços
odontológicos prestados pelas redes de saúde do Estado e do Município”, afirma.
Para o diretor da Escola
Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Urbino da Rocha Tunes, faltam políticas
públicas que absorvam os profissionais que saem das universidades, aptos a
suprir a carência de atendimentos no território baiano.
“A academia se propõe a formar
recursos humanos de qualidade, mas isso não anula a necessidade de construções
de políticas públicas para a odontologia. O profissional precisa ser valorizado
e os serviços precisam atender os anseios das pessoas. Por isso, a minha
alegria com o reconhecimento da Assembleia Legislativa da Bahia, que abre
espaço para os dentistas colocar em pauta os problemas que têm impactado a
profissão”, ressaltou.
Por fim, a diretora da
Associação Brasileira de Odontologia (ABO) seção Bahia, Amélia Mamede, destacou
que a ABO faz o que está ao alcance para levar os serviços aos lugares menos
assistidos. “A boca é um sinal de saúde. Por isso, a ABO realiza por mês na Bahia
cerca de 1.5 mil atendimentos à comunidade. Também temos o Programa Um Sorriso
do Tamanho do Brasil, que presta atualmente assistência odontológica a 356
crianças. Sem dúvida, tentamos fazer a odontologia chegar onde não chegava”,
contou.
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